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Capítulo 12

O caminho de volta foi tranquilo. Em geral, a cidade já era pacata, mas durante os fins de semana, em especial o domingo, ficava ainda mais vazia. O que era bom porque Joanna tinha muito o que pensar naquele instante. Mesmo que pudesse cortar um bom caminho até em casa indo pelo centro, preferiu pegar a estrada pelo subúrbio mesmo, para ter algum tempo até chegar em casa.

As luzes da casa estavam acesas quando Joanna chegou e dava para ouvir o som da televisão. Pelas vozes, Jules estava assistindo um daqueles programas de decoração e reforma de casa que ela gostava tanto. Bem, assistindo talvez fosse uma palavra forte. Conhecendo a irmã, ela deveria estar sentada no sofá, com a TV ligada, enquanto assistia os stories dos amigos no instagram ou gravava um stories ela mesma. Nem foi surpresa quando encontrou a irmã fazendo exatamente o que ela pensou.

— Sabe, você não precisa ligar a TV se não vai assistir. — disse Joanna enquanto jogava a chave dentro de uma tigela junto com outras chaves.

— Mas eu tô assistindo, sua chata! — disse Jules, largando o celular e apressando-se para ficar de joelhos no sofá, olhando com atenção para Joanna — Vai, me conta, como foi com a Cherry??

— Ah. Foi normal? — respondeu Joanna um pouco incerta enquanto ia até a geladeira pegar uma cerveja.

— Normal? Sério? Você só tem isso para me dizer? — perguntou Jules num misto de insatisfação e indignação. Joanna terminou de abrir a cerveja na barra da camisa e jogou-se no sofá antes de responder.

— E o que você queria que eu te dissesse? A gente só veio fazer o trabalho mesmo.

— Você passa a tarde com a garota mais popular da escola, com parte da realeza e só o que tem a me dizer é que foi “normal”? — a indignação de Jules era crescente e parecia crescer mais quando Joanna meneava a cabeça positivamente durante um gole — Você é inacreditável, Joanna Lambert.

— E você é estranha, Juliane. — usou o nome da irmã apenas para sacaneá-la um pouco sim, já que ela odiava — E tem sorvete no chão do carro, você vai limpar, quero nem saber.

Apesar dos protestos de Jules – completamente ignorados por Joanna – a garota não falou mais nada. Ficou assistindo o programa de reforma com a cabeça longe. Começava a se arrepender de não ter pego o telefone dela também. Sentiu uma vontade enorme de mandar uma mensagem para Cherry e odiava o fato de não ter como no momento. Com um último gole da cerveja, decidiu resolver o problema no dia seguinte, pedindo o número diretamente para Cherry. No momento passou a comentar com Jules sobre como as casas ficavam absurdamente caras no final e nem sempre ficavam bonitas, para tentar distrair a cabeça.


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Bonsoir, mon pettit Cherry.

O sangue da garota pareceu gelar dentro das próprias veias. Sentia algo gelado dentro do estômago à medida que seus olhos corriam na direção das janelas. Não havia a possibilidade de terem visto nada. Mas e se...? Tentando afastar aquele pensamento da cabeça, voltou a olhar para frente, para encarar a pessoa que estava ali, parada diante dos seus olhos. Era, literalmente, a última pessoa que ela esperava encontrar naquele momento.

Bonsoir, papai.

Patrick Depardieu era um homem muito, mas muito ocupado. Cherry contava nos dedos das mãos as vezes em que tinha visto seu pai nos últimos anos. Sempre em reuniões de trabalho ou viagens de negócios, o homem tinha pouquíssimo tempo para a família. O que era ótimo para o pragmatismo da sua mãe, que estava sempre mais preocupada com o status da família do que com a família em si.

— Este jovem estava na calçada quando eu cheguei. Ele disse que veio te procurar. — e só então Cherry notou que havia uma segunda pessoa ali. O choque da presença do seu pai havia ofuscado um pouco a percepção da ruiva, impedindo que ela visse Bellamy sentado numa cadeira ao lado do seu pai, com uma xícara na mão — Você o conhece?

Seu cérebro teve pouco tempo para raciocinar, mas os milésimos de segundo entre a pergunta do seu pai e sua reação foram o suficiente para que ela chegasse a uma conclusão: seu pai não tinha visto ela e Joanna do lado de fora. Mas se tivesse visto, aquela era sua oportunidade de manter as aparências.

— Oh, oui. O Bellamy é meu amigo, papai. — apesar de sentir o rosto meio tenso e travado, a garota abriu o melhor sorriso que conseguiu enquanto seguia para o lado do garoto, que deixava a xícara sobre a mesa para levantar-se — Ele está no último ano da escola. É capitão da equipe masculina de lacrosse e já tem propostas de bolsas de Oxford e Cambridge.

O currículo impressionante de Bellamy pareceu atrair muito a atenção do seu pai. Tempo o suficiente para Cherry respirar um pouco. Seu olhar corria vez ou outra para a janela, tentando imaginar se dava para seu pai ter visto alguma coisa. Ou mesmo Bellamy. Estavam do lado da caminhonete que estava escondida. Era impossível terem visto. Mas o medo dentro de Cherry era maior do que qualquer lógica.

— Caham...

O pigarro seco e cortante da sua mãe foi mais do que o suficiente para trazê-la de volta à realidade. Seu olhar foi até a porta do escritório, de onde ela saía no momento. Seus olhos estavam cravados diretamente sobre Cherry, que engoliu em seco. Em geral aquele olhar significava que estava encrencada.

— Eu achei que tinha sido bem clara sobre não chegar tarde.

— Melliope, querida. — disse seu pai, num tom afável, desviando sua atenção de Bellamy — Não seja tão dura. Não está tão tarde assim.

Os olhos da mulher demonstravam claramente que ela achava sim que estava muito tarde, mas em momento algum ousou contradizer seu marido. Apenas sibilou um “claro” mantendo o olhar duro na direção da filha. Apesar de ter escapado de uma bronca, aquilo doía um pouco em Cherry. Sua mãe era tão poderosa, rígida e altiva e ainda assim tinha sempre que se dobrar ao seu pai. Afinal, é assim que funciona com os Depardieu.

— Já que estamos todos aqui, por que não fica para o jantar, Sr. Truscott? — ofereceu o Sr. Depardieu, desviando o foco de Cherry de volta para os dois.

— Não quero atrapalhar vocês...

— Claro que não atrapalha. Um amigo da Cherry é sempre bem-vindo aqui, não é cherri? — apesar de surpresa por ser colocada novamente na conversa, a garota balançou a cabeça negativamente, com um sorriso fraco — Perfeito! Melliope, querida, mande colocarem mais um prato na mesa.

Apoiando a mão no ombro do garoto, foi guiando-o na direção da sala de jantar, ainda debatendo o que ele pretendia para o futuro. De cabeça baixa, sabendo que ainda era fuzilada pelo olhar da mãe, Cherry esperou um pouco até começar a ouvir o som dos saltos da sua mãe seguirem na mesma direção que os passos dos dois primeiros. Só então, quando se percebeu sozinha, foi que Cherry se permitiu respirar um pouco mais aliviada. Seu primeiro impulso foi pegar o celular e mandar mensagem para Joanna. Mas o medo irracional de estar sendo vista falo mais alto. Tirando o celular do bolso, apenas acompanhou os outros até a sala de jantar. Amava seu pai, mas sabia que a presença dele ali tornava tudo mais complicado.


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A queda de temperatura na manhã daquela segunda tornou a tarefa de levantar-se da cama ainda mais difícil. Se não fosse a tradicional barulheira de sua irmã se arrumando, Joanna definitivamente teria escolhido por ficar embaixo das cobertas. E para a infelicidade da garota, sua caminhonete parecia pensar o mesmo.

— Vamos lá sua lata velha ambulante, não me obriga a te dar um chute... — resmungava Joanna girando a chave na tentativa dar a partida enquanto o motor se recusava a funcionar.

— Eu já disse pra você vender o Troço, mas você não me escuta. — dizia Jules sentada ao lado de Joanna, muito entretida no próprio celular.

— Cala a boca. Só eu posso falar mal dela. — rilhou Joanna enquanto finalmente o motor dava partida – mais barulhento do que naturalmente — Isso! Mamãe tava brincando bebê, jamais te chutaria.

Com um revirar de olhos demorado de Jules, finalmente seguiram rumo à escola. Numa briga constante para decidir quem escolhia a rádio. Deixou Jules na escola dela, quase expulsando a irmã do carro antes de seguir para a sua. Quase atrasada? Sim. Mas não seria Joanna se não chegasse atrasada nas aulas.

O sinal para o início das aulas tinha acabado de soar quando ela finalmente estacionou a caminhonete de qualquer jeito numa vaga. Enfiou uma touca sobre os cabelos, cobrindo as orelhas para evitar o vento frio e cortante do lado de fora, e, com a mochila pendurada num único ombro, apressou o passo para entrar no prédio da escola. Sua mente já pensava em todos os atalhos que poderia pegar para driblar os fiscais de corredor quando notou que não era a única ainda do lado de fora.

— Paris?

O choque em sua voz era justificado. Tirando o dia em que Cherry matou aula com Joanna, a Depardieu jamais tinha se quer se atrasado para uma aula. E pela forma como ela estava, escorada numa parede, parecia deliberadamente querer estar atrasada.

— Aconteceu alguma coisa? Ah, já sei, não vai ter aula né? UFA, eu jurava que ia estar atrasada. — dizia Joanna enquanto se aproximava da garota, estranhando quando ela balançou a cabeça negativamente.

— Não. Vai ter aula sim. Eu queria falar com você.

Depois do que aconteceu no domingo, Joanna teria sentido um quentinho no peito, mas o tom de voz de Cherry deixava ela um pouco apreensiva. Murmurando um “ok”, esperou que a ruiva começasse a falar, mas havia um ar de apreensão na forma como ela olhava ao redor, que fez aquele silêncio perdurar mais tempo do que Joanna teria esperado.

— A gente pode sair daqui? — perguntou Cherry, voltando seu olhar apreensivo para Joanna. Chocada com a proposta de matar aula vinda justamente da garota mais assídua da escola, a garota demorou um instante para conseguir raciocinar alguma resposta.

— Claro. Para onde você quer ir?

— Qualquer lugar. Tanto faz. — e sem esperar Joanna terminar de responder, Cherry desencostou-se da parede, seguindo na direção da caminhonete. Apesar de ainda estar em choque, Joanna conseguiu notar que ela parecia o tempo inteiro olhar para os lados, como se tivesse medo de ver alguém. Ou tivesse medo de estar sendo vista.

— Ei. — depois de finalmente conseguir sair daquele choque, Joanna ajeitou a alça da mochila no ombro e apressou o passo para alcançar Cherry — O que tá rolando?

— Aqui não. — resmungou Cherry, olhando mais uma vez por cima do ombro. Aquilo já começava a deixar Joanna encucada.

Sem insistir em saber o que estava acontecendo, apenas seguiu atrás de Cherry na direção da caminhonete. Esperou ela entrar pela porta do passageiro, notando mais uma vez ela olhar por cima do ombro, como se esperasse estar sendo seguida por alguém. Franzindo um pouco mais a testa, ligou a caminhonete e foi saindo do estacionamento.


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O caminho se seguiu no mais absoluto silêncio. Por mais que agora estivessem absolutamente sozinhas e sem a possibilidade de serem vistas, uma vez que pegavam a estrada para fora da cidade, Cherry ainda assim não falava nada. Mantinha seu olhar do lado de fora, meio distante, exatamente como estava seu pensamento.

Tinha ido para a escola decidida a contar tudo para Joanna. Sobre seu pai, como sua família era incrivelmente tradicional e preconceituosa, como aquilo afetaria ela se por caso eles descobrissem que ela estava ficando com uma garota. Tinha inclusive ido decidida a terminar tudo e falar que não poderiam mais se ver daquela forma. Estava tudo decidido em sua cabeça.

Ao menos até alguns minutos atrás, quando viu Joanna estacionar o carro e chegar na conclusão de que não conseguiria. Nem terminar seja lá o que estivessem tendo, muito menos contar tudo sobre. O pensamento de que aquilo poderia afastar Joanna de si era tão assustador quanto o pensamento do que seus pais poderiam fazer caso descobrissem algo.

Apesar do pequeno aperto no coração ao reconhecer a parada de ônibus onde Robert tinha lhe abandonado semanas atrás, o sentimento não durou muito. Seguiram o caminho estrada à cima, até pararem num mirante próximo ao lago Emerald. O local era mais frequentado durante os finais de semana, então tinham a garantia de estar sozinhas quando chegaram ali.

— Ok. Mais sozinhas do que isso só se pegássemos um foguete para lua. — falou Joanna logo depois de desligar a caminhonete — O que tá rolando?

Mesmo que já estivessem sozinhas, ainda assim Cherry seguiu em silêncio. Queria ganhar tempo para pensar. Não podia mentir para Joanna e simplesmente continuar com tudo aquilo e muito menos podia dizer a verdade e afasta-la de si. Sentindo que ia começar a ficar sufocada, abriu a porta da caminhonete para descer, sendo acompanhada para Joanna pouco tempo depois.

— Cherry, sério. — disse Joanna enquanto fechava a porta da caminhonete — Se você tá surtando ao menos me fala.

Engolindo em seco, Cherry manteve-se de costas para a garota, com os olhos fixos no lago abaixo de si. Seu cérebro tentava trabalhar rápido, mas para alguém tão inteligente e de raciocínio rápido, naquele momento tudo parecia lento. Sentindo que não dava mais para ficar enrolando, optou por uma meia verdade. Era melhor do que mentir e com certeza melhor do que assustá-la com a verdade.

— Eu menti ontem, ok? Eu estou sim surtando. Você não faz ideia do quanto eu estou surtando. — virou-se então para encarar Joanna. A melhor parte de estar de fato apavorada era que não precisava fingir — Eu nunca nem se quer pensei em ficar com uma garota antes, isso vai contra tudo que eu sempre pensei para minha vida! Ainda mais se essa garota for uma...for uma...

— Uma rascal? — perguntou Joanna, com as sobrancelhas ligeiramente erguidas. Com um semblante agoniado, Cherry sustentou o olhar nela por um bom tempo antes de confirmar.

— Sim. Uma rascal.

O silêncio perdurou por elas durante um bom tempo. Lá dentro Cherry sabia que tinha lidado com a situação da pior maneira possível. Nunca tinha tido que lidar com algo assim antes. Seus maiores dramas amorosos sempre envolviam ela tendo que dar um fora em alguém e algumas vezes a pessoa não lidando tão bem – tipo Robert. Ter que esconder algo de alguém que ela não queria que se afastasse era, com certeza, algo que ela nunca pensou em lidar antes.

Queria saber o que estava se passando na cabeça de Joanna naquele momento. Ela lhe olhava de forma indecifrável. Não sabia se ela estava confusa, pensativa ou mesmo chateada. Nada em sua expressão indicava algum spoiler do que ela estava pensando. E em geral Joanna costuma ser bem expressiva. Quando Cherry já estava prestes à implorar para que ela dissesse alguma coisa, Joanna tirou o gorro de sua cabeça, passando as mãos pelos cabelos, bagunçando-os um pouco antes de falar.

— Então, o que você quer fazer? — a pergunta deixou Cherry confusa e isso deve ter ficado bem claro para Joanna, que tratou de complementar — Voltar para o colégio e fingir que nada aconteceu? Você já tentou isso da última vez e não deu muito certo.

— Não. Eu não quero isso. — Cherry gemeu baixinho, ainda com aquele ar agoniado.

— Então o que? Porque, sei lá... — à medida que falava, Joanna ia se aproximando. Cherry não se afastou em momento algum. Viu a garota parar à sua frente, esticando a mão para tocar seus cabelos com cuidado antes de falar — é uma merda essa divisão idiota do ensino médio, mas quando estamos juntas, eu consigo até esquecer que você é da realeza e eu sou uma rascal. Não tem nada disso...

— Eu sei. — disse Cherry, erguendo a mão para tocar a de Joanna, segurando de leve — Mas quando voltamos para a escola, tudo volta ao normal. E as pessoas sempre julgam.

— Pfff. Pessoas. — Joanna revirou os olhos de forma exagerada, fazendo um gesto largo com a mão que fez Cherry rir um pouco — Quem liga para o que elas pensam?

Eu ligo” pensou Cherry, mas sem coragem de verbalizar. Não que precisasse tanto de validação externa, mas Cherry se importava muito com a opinião alheia. Principalmente da sua família. Principalmente do seu pai. E sabia muito bem tudo o que seu pai falaria se soubesse.

— Ei. — disse Joanna, colocando a mão com cuidado no queixo dela, para que ela lhe olhasse — A gente não precisa contar nada pra ninguém. Ou mesmo ficar se pegando na frente dos outros se isso não te deixa confortável. Não me agrada muito a ideia de me esconder, mas eu sei que não é assim com todo mundo. Eu só preciso que você me diga, Cherry. Você tem medo por eu ser uma garota ou tem vergonha por ser eu?

Claro que não tinha vergonha por ser ela. Talvez no passado a resposta fosse diferente, mas ela sabia que não era verdade agora. Podiam ser bem diferentes, mas não teria vergonha de Joanna de forma alguma. Claro que sabia que isso ia ter suas consequências principalmente no colégio, mas era uma briga que estava disposta a comprar. Mas não estava tão pronta assim para brigar com seus pais.

— Não tem nada a ver com você. No caso, com quem você é. — disse Cherry afastando o queixo das mãos dela, abraçando o próprio corpo.

— Então por que a gente não deixa isso pra lá? Hm? — perguntou Joanna enquanto aproveitava que estava perto para passar os braços ao redor do corpo dela — Estamos sozinhas, ninguém tá vendo nada. E você não quer realmente matar aula para ter uma DR, não é?

— Estamos tendo uma DR? — perguntou Cherry num tom divertido, antes de dar-se conta de algo, afundando o rosto no ombro de Joanna — Eu estou perdendo aula!

— Sério, gênio? Como eu não tinha notado isso antes? — não evitou de dar alguns soquinhos contra o ombro de Joanna por ela estar caçoando de si. A garota de cabelo colorido apenas riu um pouco, subindo as mãos até os ombros de Cherry para afasta-la um pouco e poder olhar em seus olhos — Acho que eu estou sendo uma péssima influência para você, hm?

— Você sempre foi uma péssima influência, Lambert.

— Isso é um absurdo, sabia? Eu sempre fui uma ótima influência para o mundo.

Com uma risada um pouco mais leve, Cherry balançou a cabeça negativamente. Ainda sentia um peso em seu peito de estar escondendo algo de Joanna, mas estava com certeza se sentindo mais leve por estar com ela. Sem pensar muito e aproveitando que estavam sozinhas ali, ficou na ponta dos pés para alcançar os lábios dela. Sentiu as mãos da garota passando por sua cintura e trazendo-a mais para perto. O calor que a proximidade dela causava conseguia fazer Cherry até mesmo esquecer o medo que tinha de seus pais descobrirem sobre elas.

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