O mês de outubro foi chegando ao fim. O último fim de semana do mês trazia uma certa agitação. Por mais que o objetivo de Travis fosse dar apenas uma pequena festinha em sua casa no lago Emerald, a notícia logo se espalhou e a escola inteira só falava na festa que iria acontecer no sábado.
— Você sabe que tem um pessoal especulando que vai ter cinco barris de cerveja na festa, né? — perguntou Joanna, deitada sobre uma das mesas na oficina da escola, onde elas trabalhavam no vestido da Iseult. Naquela semana estava com os cabelos coloridos de prata com mechas pretas, fazendo ela parecer alguém muito jovem que ficou grisalho muito cedo. Jogava uma bolinha para o alto e pegava no ar - ao menos na maior parte do tempo.
— Essa festa está se tornando uma loucura. — dizia Cherry enquanto media uma peça de tecido antes de começar a cortar. Depois de terminar de cortar, colocou o tecido de lado, voltando os olhos para a Lambert — Você vai, né?
— Ah, Paris, eu não perderia essa festa por nada. — depois de pegar a bola no ar mais uma vez, Joanna ajeitou a postura para poder olhar para Cherry — Na verdade eu e as meninas estamos doidas por uma festinha.
Com um sorriso um pouco mais animado, Cherry voltou ao seu trabalho de medir e cortar as peças de tecido que iriam usar. As coisas estavam mais surpreendentemente sob controle do que ela poderia imaginar para falar a verdade.
Seu pai continuava na cidade, mas estava sempre ocupado demais para notar algo. Por outro lado, foi ele quem convenceu sua mãe em suspender o castigo antes do tempo. O que significava que Cherry tinha um pouco mais de liberdade, por outro lado seu pai estava encantado com Bellamy. O que significava que o garoto passava mais tempo em sua casa. Cherry quase podia ver seu pai planejando o casamento entre eles. Mas no final era uma ótima forma de disfarçar.
Ela e Joanna continuavam bem, seja lá o que tivessem. Preferia não pensar muito sobre isso para não começar a surtar novamente. No final das contas, o trabalho de literatura foi uma ótima desculpa para passarem um tempo juntas. No resto do tempo continuavam suas vidas normalmente, fingindo que nada estava acontecendo. No fundo Cherry não gostava disso, mas tinha muita coisa para arriscar no momento.
— Então, o que acha se colocássemos essa faixa ao redor da cintura da Iseult? — a pergunta de Joanna fez Cherry voltar ao mundo. Olhou a garota que agora usava uma faixa roxo berrante com lantejoulas ao redor da cintura, que fez Cherry rir.
— Sim, estamos fazendo quando Tristão e Isolda encontram Greese.
— Ficaria legal!! — tentou argumentar Joanna, mas era claramente voto vencido. Abandonou a faixa de lado e correu para o lado de Cherry para continuarem a criação daquele vestido.
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— E você pode nos dizer exatamente como conseguiu ser convidada para essa festa?
A pergunta de Videl era bem válida. Era bem raro elas serem convidadas para alguma festa dos populares. Joanna seguia dirigindo a caminhonete em direção à sua casa, as janelas fechadas por causa do vento frio.
— Eu tenho minhas táticas, Srta. Pyrkagià. — respondeu num tom divertido, olhando-a pelo retrovisor e piscando um olho.
— Ah, qual é Lambert! — reclamou Mildred sentada mais perto da janela, empurrando o ombro de Joanna — Não vai nos deixar na curiosidade mesmo?
Joanna soltou uma gargalhada alta, mas obviamente não falou nada. Criando um suspense, crispou os lábios e ficou olhando para elas pelo retrovisor antes de soltar.
— Um mágico nunca revela seus truques!
O protesto foi geral. Entre tentativas de adivinhar como Joanna tinha conseguido convites para a festa na casa do lado de Travis e xingamentos dizendo o quanto aquilo era injusto, seguiram o caminho inteiro naquela pegada até chegarem na casa de Joanna.
— Meninas, qual é. O importante é que vamos encher a cara às custas dos riquinhos e nos divertirmos. — dizia Joanna enquanto descia do carro depois de estacioná-lo na garagem, saltando para o lado de fora e aguardando as amigas descerem também para trancar o carro.
— Ok, você tem um bom ponto. — disse Videl pendurando a mochila no ombro.
— Que horas vamos para lá? — perguntou Bekai, escorada do lado de fora da casa aguardando Joanna achar a chave para poder abrir.
— Acho que não tem hora certa. Mas provavelmente de noite, né? — na cabeça de Joanna soava correto uma festa cheia de adolescentes começar pela noite, mas de fato não seria nem um pouco ruim já ter um esquenta pela tarde.
A casa estava vazia e escura quando chegaram, o que significava que Jules ainda não tinha chegado. Deixou as amigas se arrumarem enquanto guardava as chaves na tigela ao lado da porta e pegava o celular para mandar mensagem para a irmã, perguntando onde ela estava. Em geral não ficava muito no pé dela porque não achava necessário, mas não era tão descuidada a ponto de não saber onde a irmã tava.
— JoannAAAAAAAA, tá sem cerveja na geladeiraAAAAAA!
O grito de Mildred chamou sua atenção. Com um riso meio de canto, Joanna olhou o celular mais uma vez. Jules estava ajudando Sonny com uma detenção no colégio. Revirando os olhos de leve, jogou o celular de lado, seguindo na direção da cozinha, gritando em resposta à Mildred.
— VAI COMPRAR, PREGUIÇOSA!!
O riso das outras fez eco aos xingamentos de Mildred que não demorou a começar a rir também. Juntaram o que tinham de dinheiro na carteira e, depois de tirar no palitinho, mandaram Fani e Mildred para trazerem cerveja para casa, no mercadinho ali perto.
Enquanto elas não voltavam, Videl, Joanna e Bekai dividiam a última garrafa de cerveja. No fundo Videl e Joanna beberam mais, já que Bekai não gostava tanto assim de cerveja.
— E aí? Como tá indo o trabalho de vocês? — perguntou Joanna enquanto bebia o restinho da sua cerveja num gole só. Fez uma caretinha insatisfeita por ter sido tão pouco.
— Surpreendentemente estressante. — confessou Videl que bebia em goles curtos para fazer durar mais — Quem diria que fazer trabalho com um maconheiro poderia ser tão cansativo, hm?
— Ah, vai. Não deve ser tão ruim assim. — disse Joanna, mas pelo olhar que recebeu da amiga notou que era bem ruim mesmo — E você, Bek?
— Tá normal. O Travis é tranquilo. E bem esforçado.
— Sério? Porque ele tem reclamado que você não tem aparecido nas reuniões. — disse Joanna, olhando para a amiga com um ar travesso.
A informação pegou Bekai de surpresa. A forma como ela abriu a boca sem conseguir emitir nenhum som deixou aquilo claro. Joanna olhou para Videl meio de canto e flagrou o olhar da amiga, fazendo ambas rirem de forma cúmplice.
— Como você sabe disso? — havia confusão e uma certa raiva na voz de Bekai enquanto ela falava. Joanna abriu a boca para responder quando se deu conta de algo.
Quem lhe disse aquilo foi Cherry, durante um dos seus encontros para fazer o trabalho. Não teria problemas em falar isso, mas sabia o quanto ia parecer suspeito elas estarem tão íntimas a ponto de estarem fofocando juntas sobre os amigos. Ficou com a boca aberta um instante antes de ocupá-la com as últimas gotas de espuma da cerveja.
— O Travis me contou, oras.
— E desde quando você fala com o Travis? — perguntou Bekai num tom de acusação.
— Como assim? Eu falo com todo mundo! — disse Joanna, revirando os olhos — Os outros que em geral me ignoram, mas aí é um problema deles, não meu.
Bekai não pareceu satisfeita com a resposta, mas usou a desculpa de ir no banheiro para pode sair de fininho e não ter que responder o que andava fazendo quando deveria estar se encontrando com Travis para fazer o trabalho, a ponto de precisar mentir para as próprias amigas. Ouviu os passos da garota morrendo escada à cima e, quando ergueu o olhar pronta para sugerir que ela e Videl jogassem alguma coisa, flagrou o olhar dela de forma divertida e acusatória sobre ela.
— Que?
— Então você é convidada para a festa dos populares e agora tem informações privilegiadas sobre eles. — Videl falava como um detetive que junta evidências — Tem algo para me contar?
— Eu não sei do que você está falando. — Joanna tentava parecer despreocupada, mas tinha certeza de que só parecia mais suspeita.
— Sei… — disse Videl, claramente desconfiada, mas decidindo por não insistir no momento.
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Apesar do frio, o sábado amanheceu ensolarado. Um vento frio e cortante passava pela cidade, mas sem sinal aparente de chuva. Foi ótimo para os treinos de lacrosse, o suficiente para que Cherry pudesse terminá-lo mais cedo e correr para casa para arrumar tudo.
A festa seria só de noite, mas o planejamento era irem já pela manhã para organizarem as coisas e, obviamente, aproveitar um pouco do lago antes dos convidados chegarem. Sua mãe até tentou encrencar, mas quando seu pai soube que Bellamy estaria lá até ofereceu-se para leva-los.
— Ora, querida, é uma ótima oportunidade da nossa menina criar contatos. Quantos dali não vão se tornar grandes profissionais no futuro?
O argumento não convenceu Melliope, mas, como sempre, ela curvou-se à vontade do marido, independente de ir contra o que acreditava. Apesar de sentir um gosto amargo na boca por conta disso, Cherry apenas agradeceu à forte do pai, mas preferiu ir com seus amigos mesmo.
Não demorou nada para que os amigos chegassem ali. Tristan dirigia o conversível do seu pai. Mitsuha ia na frente com uma mochila abarrotada de tão cheia enquanto Coraline ia no banco de trás, espremida entre algumas malas e um cooler.
— Achei que fôssemos passar apenas o fim de semana, mas aparentemente vocês estão se mudando para lá. — disse Cherry espremendo-se do outro lado do cooler, abraçando sua mochila por não ter onde colocá-la.
— É bom estarmos preparados para qualquer ocasião, não acha? — perguntou Tristan, abaixando os óculos escuros que usava até a ponta do nariz, olhando Cherry pelo retrovisor, com um ar de galã dos anos 50. Ele andava mais bem humorado nos últimos tempos. Ela, Mit e Cora chamavam isso de “efeito Iseult”, mas não na frente do amigo.
O tempo na estrada foi dividido entre risadas e as três cantando em alto e bom som alguma música que tocava no rádio, enquanto Tristan ocasionalmente fazia um backing vocal bem mequetrefe ou fazia a percussão batendo na lataria do carro.
O conversível do pai de Tristan sofreu um pouco para subir a estrada de terra que levava até a casa de Travis, mas depois de alguns perrengues, chegaram até o local. Ficava literalmente na beira do lado. Era toda feita de madeira em formato de um chalé de dois andares. No andar de cima havia uma varanda que se projetava sobre o lago, sustentada por enormes vigas de madeira.
— Wow. O Travis não tava brincando quando disse que era lindo! — exclamou Mitsuha enquanto desciam do carro.
— Eu nunca brinco com essas coisas, Mit! — a voz de Travis chamou a atenção deles.
Ele vinha do lado de dentro da casa e parecia pronto para uma tarde na piscina. Usava uma bermuda florida que combinava com a estampa da camisa aberta. Já tinha um drink preparado dentro de um abacaxi numa mão, só para combinar com todo o vestuário.
— Ei Travis! — disse Cora, reprimindo um risinho — Parace que você já tá curtindo, hm?
— Claro que não! Eu jamais começaria sem vocês! — disse Travis, com um enorme sorriso, que logo diminuiu um pouco — Escuta, foi ótimo vocês terem chegado logo. Meu pai descobriu que eu tinha contratado um serviço para organizar as coisas da festa usando o cartão de crédito dele sem falar com ele. E ele não gostou nem um pouco disso, então, hm...ele cancelou o pagamento. Eu achei que ia dar pra fazer tudo sozinho, mas é muita coisa.
— Ah, Travis. — lamentou Tristan, dando uns tapinhas nas costas do amigo.
— Não acha melhor cancelar? — perguntou Cherry, um tanto incerta. Se Travis não tinha contado ao pai sobre o serviço para organizar a festa, quais as chances de não ter contado sobre a festa em si?
— Não! Tem tanta gente vindo! Se eu cancelar a festa em cima da hora vão me chamar de perdedor!
Os quatro trocaram um rápido olhar. Sabiam muito bem como os sussurros do ensino médio podiam ser maldosos. Travis era um aluno estrangeiro recém chegado, tentando encontrar seu lugar e ser aceito. Sabia que se ele prometesse uma festa e simplesmente cancelasse em cima da hora, nem o fato deles andarem juntos o pouparia das críticas.
— A gente vai te ajudar, Trav. — disse Mitsuha, com um sorriso curto, afagando o braço do amigo.
Os outros três concordaram, meneando as cabeças e murmúrios de concordância. Travis voltou a sorrir mais abertamente e, agradecendo aos amigos, foi conduzindo-os para o lado de dentro da casa, para começarem a preparar tudo o mais rápido possível.
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Havia algo que Cherry tinha que admitir: ela nunca teve que arrumar uma festa em toda sua vida. Já tinha organizado pequenas reuniões sociais em sua casa, mas sempre apenas para os seus amigos mais próximos. Quando o assunto eram festas de grande porte, sempre contratava algum serviço para arrumar tudo. Não imaginava que aquilo pudesse ser tão trabalhoso.
Eram duas horas da tarde e não tinham montado quase nada. As mesas do chalé ainda estavam desmontadas, Mitsuha e Coraline ainda tentavam montar a decoração que estava toda embolada dentro de sacolas plásticas, isso sem contar a comida e as bebidas que precisavam ser organizadas.
— Isso nunca vai ficar pronto… — disse Tristan entre gemidos, enquanto carregava um isopor cheio de gelo para dentro da casa — Onde eu coloco isso?
— Na cozinha! E pelo amor de Deus, não diz isso cara! — dizia Travis com uma cara de dor enquanto levava alguns engradados de cerveja e refrigerante para o lado de dentro.
Cherry tentava organizar as comidas sobre a mesa, mas a verdade é que só eles cinco não dariam conta de organizar tudo em tão pouco tempo. Deixando momentaneamente a arrumação de lado, Cherry pediu licença para ir ao banheiro, mas no meio do caminho mudou o trajeto até alcançar o lado de fora, o mais longe possível. Tirou o celular do bolso e ligou para o primeiro número na sua lista.
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Tinham acabado de acordar. Literalmente acabado de acordar. Todas com cara amassada, cabelos bagunçados e vontade de não fazer nada. Estavam comendo qualquer porcaria para tirar o gosto de papelão da boca, quando o celular de Joanna tocou. Todas estranharam quando ela levantou da mesa para atender. Em geral elas nunca escondiam nada umas das outras. Nem mesmo na hora de atender os pais elas se afastavam.
Joanna subiu até seu quarto e olhou bem para ver se alguém tinha lhe seguido antes de fechar a porta. Só quando tinha certeza de que não seria ouvida, foi que atendeu o telefone.
— Ei, Paris. Bateu saudade tão cedo assim?
“Você é muito convencida às vezes, sabia?”
— É meu charme, você sabe. — Joanna riu ao jogar os cabelos para o lado, de forma dramática, mesmo sabendo que Cherry não veria — Mas o que houve?
“O Travis teve um problema com a organização da festa. Será que vocês não poderiam nos ajudar?"
— Oh… — Joanna claramente não estava esperando aquilo. Sua mente já bem lenta pela ressaca trabalhava bem lentamente no momento, o que era horrível — ajuda das...rascals?
“Meus amigos nunca ligaram muito para isso. E nós realmente precisamos de toda ajuda possível”.
Respirando fundo, Joanna ficou olhando para frente, o pensamento bem distante. Meus amigos nunca ligaram. Significava que ela ainda ligava. Tentando não deixar aquele pensamento prosperar em sua mente, concentrou-se na outra parte do problema. Seria bem difícil explicar para suas amigas que, além de convidadas para a festa, iriam ajudar a arrumar, junto com a realeza. Torcendo a boca para os lados, nem notou que tinha ficado tanto em silêncio, até a voz de Cherry lhe chamar de volta para o mundo.
“Joanna? Você ainda está aí?”
— Tô! Tô, claro. Claro. Hm. Nós vamos sim. Só nos dê uns minutinhos para nos arrumarmos.
Com um obrigado mais feliz, Cherry desligou o telefone. Joanna continuou parada no quarto, com o telefone grudado no ouvido por algum tempo antes de descer as escadas para onde suas amigas estavam.
— E aí pessoal, quem quer ajudar a montar uma festa?? — perguntou tentando forçar um ar animado.
As quatro trocaram um olhar demorado, carregado de desconfiança. Quase como se estivessem jogando zerinho ou um mentalmente para decidir quem iria falar primeiro, ficaram um bom tempo em silêncio até Videl falar.
— Joanna, fala sério, ok? Sem segredinhos agora.
— Eu não estou de segredinh…
— Você tá pegando alguém desses populares, né? — Videl foi seca, sem rodeios, sem voltas, sem papas na língua. A pergunta foi feita tão de repente que Joanna até engasgou, demorando um tanto para poder responder. E quando o fez, a voz saiu um tanto mais aguda.
— Claro que não! Até parece que eu esconderia de vocês se fosse verdade.
— Você tem que convir que isso é tudo muito estranho. — disse Fani, cautelosamente.
— Você recebe um convite para a festa dos populares, começa a se esconder para atender telefone e volta falando sobre irmos ajudar a preparar a festa. — Mildred foi enumerando tudo abaixando os dedos da mão — Teria sido mais dramático se tivessem cinco motivos, mas ENFIM! Você tem que admitir que é estranho.
— Meninas, por favor, vocês estão exagerand…
— É Tristan, não é? — cortou Videl.
Joanna ficou bem dividida no momento. Entre o choque, o divertimento e o alívio por acharem que era Tristan. Tentando colocar as ideias no lugar, respirou fundo, passou as mãos pelo rosto antes de falar.
— Não, eu não tô pegando o Tristan de novo. Figurinha repetida não completa álbum, eu já disse. — Joanna tentava manter um ar divertido enquanto falava, sentando entre Fani e Bekai — Mas sim, foi o Tristan que me pediu ajuda. E eu não consigo resistir àquela carinha real de bundinha no queixo.
Joanna esperava que a risada que as meninas deram significasse que elas tinham comprado aquela história. Tentando rir junto, esperou ser seguro para poder voltar a falar sobre a festa.
— Então, o que acham, hm? Me prometeram que vai ter cerveja!
Oficialmente tinha ganho elas com aquele argumento. Rapidamente terminaram de comer o que estavam comendo e subiram para se arrumar. Quando voltaram para o andar de baixo, deram de cara com Jules, olhando para elas com cara de cachorro que está sendo abandonado.
— Que foi, pirralha? — perguntou Joanna enquanto terminava de prender os cabelos com uns elásticos.
— Achei que vocês iam passar o dia aqui. Vai ser chato ficar o dia todo sozinha.
Joanna ficou um tempo olhando a irmã, aproveitnado que segurava alguns elásticos presos entre os dentes para ganhar um tempo antes de responder. Implicava muito com ela, por ser coisa de irmã mesmo, mas gostava muito dela. Ela era, de longe, sua melhor amiga. Respirando fundo, tirou os elásticos dos dentes para prender mais algumas trancinhas no cabelo, seguindo na direção da geladeira antes de falar.
— Vai ser arrumar, você pode vir com a gente.
— Sério que eu posso ir?? — o brilho nos olhos de Jules denunciava que ela mal podia acreditar que podia ir numa festa do pessoal do ensino médio.
— Pode. Pode até levar seu namorado bocó junto. — dizia Joanna enquanto terminava de encher um isopor com garrafas de cerveja.
— Eu não vou cair nessa de novo, eu não tenho namorado, nem quero por um bom tempo — disse Jules de forma definitiva, recebendo um olhar de "ata" da irmã, que a fez revirar os olhos — Eu tô falando sério! Mas eu vou levar o Sonny sim.
— Bom, ao menos aqueles músculos vão servir pra carregar algumas coisas, já que o cérebro não serve pra nada mesmo. — alfinetou Joanna enquanto tampava o isopor, voltando a olhar para a irmã — Tá fazendo o que aqui ainda? Vai se arrumar, garota!
E saltitando animadamente, Jules abraçou a irmã bem forte, enchendo o rosto dela de beijos babados unicamente para incomodá-la. “Expulsando” a irmã, Joanna murmurou um “vai logo, garota!" para que ela subisse e se trocasse, enquanto levava as coisas para a caminhonete.
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