Estavam decididamente muito cansados. E olhando ao redor, não tinham preparado nem mesmo metade do que precisava ser arrumado. Ainda haviam muitas sacolas abertas espalhadas com copos descartáveis vermelhos, mesas de jogos para serem montadas, bebidas para serem colocadas na geladeira. Mitsuha e Cora tinham desistido de encher balões depois de encherem uns 100. E elas nem sabiam porque Travis queria balões na festa dele!
— Eu sinto que meus pulmões morreram… — dizia uma exausta Mitsuha, largada de qualquer jeito num sofá. Cora estava deitada no colo dela e só conseguiu levantar a mão num sinal positivo para concordar com ela.
— Isso vai ser um desastre. Vai ser a pior festa de todas. Todo mundo vai me odiar. — dizia Travis ainda tentando terminar de montar as coisas, mas decididamente sem energia para continuar.
— Eu tentei chamar o Bel e o Donnie para nos ajudar, mas eles só vão poder chegar mais tarde. — disse Mitsuha, fazendo um biquinho cansado.
Cherry olhou mais uma vez para o relógio. Era quase três da tarde. Não sabia que horas as pessoas iam chegar para a festa, mas iam encontrar uma casa toda bagunçada. Olhou para o lado de fora meio apreensiva antes de falar.
— A gente pode tentar dar um jeito, sei lá. Não precisamos de tantos balões…
Travis parecia claramente não concordar com aquilo, mas o que poderia fazer? Tinha que diminuir o número de coisas a fazer se quisesse terminar aquilo a tempo. Estavam já traçando um plano para terminar a arrumação à tempo quando o som alto de um motor bem barulhento e de pneus freando chamou a atenção deles.
— Ah não. Já chegaram os convidados. É o meu fim. — enquanto Travis lamentava, Cherry apressava o passo na direção da porta, com certa expectativa. Conhecia muito bem o som daquele motor que mais parecia a bateria de uma banda de trash metal.
— Opa, opa, opa. Alguém aí pediu ajuda da Tropa Rascal de Resgate de Festas??
A voz de Joanna fez Cherry sorrir involuntariamente. Teve vontade de correr até ela, mas como estava na frente de tanta gente, acabou se contendo. As quatro rascals, Bekai, a irmã de Joanna e mais um garoto que Cherry nunca viu antes desceram da caminhonete, carregando alguns isopores de bebida e caixas de cerveja.
— Joanna...uau… — disse Mitsuha, claramente surpresa com a chegada deles ali — vocês chegaram na hora certa. Não é?
E enquanto Mitsuha olhava na direção dos amigos, Cherry sabia que ela estava perguntando de forma silenciosa quem tinha chamado elas. Na hora em que pediu a ajuda de Joanna e de suas amigas, não tinha pensado numa forma de explicar como elas tinham adivinhado que precisavam de ajuda. Talvez seu olhar de pânico fosse grande demais, porque acabou flagrando Tristan olhando em sua direção. E foi justamente o garoto quem tomou a frente.
— Eu que chamei. Nós precisávamos de ajuda, não é? E quem melhor do que as rascals para entender de uma festinha, hm?
Todos pareceram acreditar em Tristan. O garoto lançou um olhar na direção de Cherry. Sabia bem que teriam que conversar depois. Assunto resolvido, foram imediatamente para o lado de dentro terminar de preparar a festa. Travis estava tão animado que já fazia planos de voltar com os balões.
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Nunca tinha organizado uma festa. Já tinha dado várias, mas organizar era outra história. Em geral as festas que ela e as outras rascals davam se resumia em comprar cerveja, comida de qualidade duvidosa e chamar o pessoal para casa. Obviamente que uma festa dada pela realeza era diferente, mas não iam se divertir menos.
Por mais que Joanna não gostasse de admitir, Sonny estava sendo uma ajuda muito grande. Finalmente aqueles músculos adquiridos com a prática do futebol estavam servindo para algo além de se exibir. E falando em se exibir, não gostou nem um pouquinho dele desfilando sem camisa para cima e para baixo, única e exclusivamente para chamar a atenção das garotas. Principalmente porque sua irmã não estava gostando nada disso.
— Idiota exibido… — resmungou Jules com um ar amuado enquanto ajudava Joanna a colocar os refrigerantes no freezer horizontal.
— Como todo e qualquer garoto no mundo, minha cara Juls. — disse Joanna, terminando de alocar algumas latinhas num canto, fechando a tampa do freezer para poder se debruçar sobre ele, olhando fixamente para a irmã — Você gosta dele, não é?
— Claro, o idiota é meu amigo. Por que eu seria amiga de alguém que eu não gosto?
— Você sabe do que eu estou falando, Juls…
O silêncio dela disse com certeza mais do que se tivesse dito algo. Principalmente quando Sonny passou por ali tensionando os músculos das costas, fingindo que a caixa era pesada demais, arrancando alguns risinhos de Mitsuha e de Mildred. Bufando irritada, Jules saiu batendo o pé para longe. Joanna olhou feio para Sonny que talvez já estivesse acostumada com ela olhando feio, a ponto de não ligar, mas notou que ele acompanhou Jules com o olhar.
— Idiota exibido. — repetiu o xingamento de Jules enquanto saía para pegar mais coisas do lado de fora.
Tinham conseguido acelerar bem a arrumação da festa. Faltava pouca coisa fora do lugar agora. Mildred ajudava Mitsuha à arrumar as comidas de festa. Cora e Bekai se divertiam programando a playlist, enquanto Travis e Tristan organizavam os jogos. Fani, Vix e Cherry terminavam de pendurar algumas lanternas do lado de fora para iluminar o ambiente, enquanto Jules e Joanna iam guardando as coisas no freezer. Olhando admirada o trabalho coletivo da realeza com a plebe, a garota até conseguiu sorrir de leve.
— Ei. — a voz de Cherry chamou sua atenção. A garota terminava de pendurar uma lanterna numa das pilastras mais distantes e terminava de descer uma escada.
— Até que estamos fazendo um bom trabalho, hm? — perguntou Joanna se aproximando. Fani e Videl se divertiam pendurando lanternas uma na outra, a ponto de não notarem elas ali.
— Um ótimo trabalho, na verdade. — disse Cherry, mordendo o cantinho do lábio inferior enquanto olhava ao redor — Obrigada por vir. Você não tinha obrigação nenhuma e ainda assim nos deu uma baita ajuda.
— Ah, não precisa agradecer. Eu vou saber cobrar esse favor lá na frente. — o tom de brincadeira usado por Joanna arrancou uma pequena risada de Cherry, que meneou a cabeça negativamente.
— Devo ficar com medo disso?
— Hm, só se você tiver medo de mim. — disse Joanna com um sorrisinho de canto. Olhou ao redor mais uma vez, tendo certeza de que estavam fora do alcance dos outros, antes de empurrar Cherry de levinho contra a pilastra, buscando os lábios dela sem muito rodeio.
— Alguém pode ver… — murmurou Cherry contra os lábios de Joanna. Segurava seus braços como se fosse afastá-la, mas sem de fato tira-la de perto de si. Era difícil resistir à Joanna enquanto sentia o perfume dela tão perto.
— Elas estão ocupadas de mais pendurando lanternas uma na outra para nos notar. — murmurou Joanna de volta, antes de retomar o beijo, parando só ao notar que Cherry ainda parecia reticente — Qual é, Paris. Eu já vou ter que passar a festa inteira fingindo que sou, no máximo, sua amiga.
— E por acaso nós somos mais do que isso? — perguntou Cherry, com um sorrisinho travesso.
— Você entendeu o que eu quis dizer. — Joanna revirou os olhos de leve — Eu não saio por aí beijando minhas amigas. Exceto aquela vez em que eu e a Videl nos pegamos, mas num geral isso não acontece com muita frequência! Qual é, Paris.
Dando uma olhada por cima do ombro, Cherry conferiu onde Fani e Videl estavam. As duas agora seguiam para a última pilastra, no lado oposto de onde ela e Joanna estavam. Tendo certeza de que estavam posicionadas de um jeito que ninguém pudesse ver, passou os braços pelo pescoço de Joanna, puxando-a para perto num beijo mais apertado. Joanna não parou para pensar muito antes de retribuir. Sabia que tinham pouco tempo ali.
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Tudo tinha ficado incrivelmente pronto a tempo. Para comemorar que tudo estava pronto, Travis abriu uma champanhe e serviu uma dose para todos, antes que fossem se arrumar para a festa. Cherry estava em um dos quartos, terminando de se maquiar quando ouviu uma batida na porta. Tristan estava encostado no umbral, olhando-a com certa curiosidade.
— Ei, Tris. Tá bonito, hm?
— Obrigado. — disse Tristan, dando uma voltinha para mostrar o look completo. Mesmo numa festa tão informal, ele se vestia formalmente, quase como um príncipe — Você também está linda.
— Nenhuma novidade. — disse Cherry em tom de brincadeira, arrancando uma risada de Tristan. Mas com certeza ele não tinha ído ali apenas para lhe elogiar.
— Então. Você e a Joanna…
Por um instante o coração de Cherry acelerou. Sentiu a respiração falhar e até mesmo uma leve tontura. Agradeceu por não demonstrar aquilo, mas tinha certeza de que seu rosto estava pálido como o de um fantasma. Ele tinha visto alguma coisa? Mas nem tinha o visto do lado de fora da casa antes dela se beijarem. Sentindo que a respiração ficava cada vez mais acelerada, manteve os olhos no espelho, mesmo que não estivesse de fato olhando o próprio reflexo.
—...voltaram a ser amigas?
O pânico foi lentamente substituído pelo alívio. Talvez algo em sua expressão tivesse denunciado o quanto ela estava aliviada no momento, porque Tristan lhe olhava com uma enorme interrogação em seus olhos.
— Não é nada, eu achei que você fosse me julgar por...voltar a ser amiga da Joanna.
— Eu nunca faria isso. Eu sempre te disse que elas não são tão ruins assim. — disse Tristan, desencostando-se do umbral da porta, entrando no quarto — Eu fico bem feliz que vocês tenham se acertado.
— Eu também fico. Mas por favor, não fala nada para a Mit e para a Cora.
Tristan parou o passo na metade, olhando para Cherry com as sobrancelhas erguidas. Ficou um instante analisando a amiga, como se tentasse descobrir se havia algo mais ali. Cherry tentou manter a expressão mais neutra possível, mas sabia que transparecia nervosismo no momento. Depois de um tempo o garoto relaxou a postura.
— Isso é por conta desse lance dela ser uma rascal?
Não. Não era. Mas Cherry não podia dizer a verdade para ninguém ainda.
— É. Eu não sei como as meninas iam reagir. Acho melhor...hm...irmos aos poucos.
Tristan claramente não concordava com aquilo. E Cherry sabia que Cora e Mitsuha jamais teriam problemas com isso. Poderiam até estranhar no início, já que Cherry passou os últimos anos da sua vida reclamando sobre Joanna. Mas nunca iam se opor se elas voltassem a ser amigas.
— Ei Che! — a voz de Mitsuha surgiu na porta. Já estava pronta para a festa, com um vestido leve e os cabelos presos em duas tranças. Parecia animada e ofegava como se tivesse ido correndo até ali — O Bel chegou! E você foi a primeira pessoa por quem ele perguntou!
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Aos poucos as pessoas foram chegando. Seja de táxi, uber ou dirigindo os próprios carros, praticamente todo mundo do colégio foi chegando depois de um determinado horário. Todos ficaram chocados com a presença das rascals ali? Sim, com certeza. Mas o choque não costumava durar muito. Logo cada um estava em um canto, com seu próprio grupo, aproveitando a festa. Até Robert estava ali, mas Joanna decidiu que era melhor ignora-lo, por mais que quisesse dar uma provocadinha. Ao norte era possível ver algumas nuvens de chuva se aproximando, mas nada parecia abalar a disposição deles se divertirem.
— Você sabia que a Kate era bi?? — perguntou Videl, completamente em choque, chegando perto de Joanna com um sorriso surpreso no rosto.
— Ué...nunca parei para pensar nisso até esse exato momento.
— Porque ela acabou de me passar a maior cantada, na cara dura! — dizia Videl ainda em choque, olhando na direção de uma menina loira de marias-chiquinhas. Era uma das líderes de torcida da escola e olhava para Videl com um sorrisinho envergonhado.
— Ok, deixa eu te fazer uma pergunta.
— Manda.
— POR QUE VOCÊ TÁ AQUI E NÃO BEIJANDO ELA??
— EU JÁ VOU, EU SÓ PRECISAVA FOFOCAR ISSO COM ALGUÉM!
E sendo empurrada por Joanna entre risos, a garota voltou para perto de Kate. Não demorou muito para que as duas estivessem se beijando. Rindo com uma invejinha contida, Joanna pegou sua garrafa de cerveja e resolveu dar uma andada pela festa.
A maior parte das pessoas estavam do lado de fora se divertindo na beira do lado. Joanna sabia que em algum momento algumas pessoas estariam bêbadas o suficiente para se arriscar nadando no lago, mesmo que tivesse começado a fazer frio. Algumas estavam do lado de dentro da casa, sentadas em sofás, conversando, outras ao redor da mesa de ping pong, jogando beer pong. Mais tarde ela com certeza iria lá mostrar seus dotes, mas iria deixar os amadores terem uma chance no começo.
Haviam também os que estavam na varanda da casa. A grande maioria casais aproveitando a visão do local e um pouco mais de privacidade. Imaginava se algum deles já tinha conseguido entrar em algum dos quartos da casa. Tinha pena de Travis se isso tivesse acontecido.
— Ei Jo, se divertindo?
Olhou por cima do ombro e avistou Tristan. Estava parado com uma garrafa de cerveja presa entre os dedos. Era incrível como ele sempre estava elegante mesmo numa festa casual.
— Ei Tris! Está bastante interessante esse experimento social, sim, com certeza. — Joanna falou tudo num tom científico, como se fosse uma cientista observando cobaias, antes de começar a rir. Chegou perto do garoto, batendo a garrafa na dele de levinho e dando um gole — Bebe essa porra, brindar sem beber, 100 anos sem…
— Eu sei, eu sei, já ouvi esse ditado antes! — riu Tristan, levando a garrafa aos lábios e dando um gole curto antes de voltar a falar — Sabe, fico feliz que você e a Cherry tenham voltado a ser amigas.
Depois de soltar um “oh” baixinho, Joanna tratou de ocupar a boca com mais um gole de cerveja para ganhar tempo, mas o próprio Tristan continuou falando.
— Sei que ela ainda tem essa coisa sobre rascals e populares andarem juntas e fica com receio, mas logo isso vai mudar.
— Pode crer. Acho que só de não estarmos nos matando já é uma grande evolução, né? — perguntou Joanna, tentando parecer bem humorada. Molhou um pouco mais a garganta e pigarreou de levinho antes de falar — Então, falando nela, viu a Cherry por aí?
— A última vez que eu a vi ela estava lá dentro. Tinha ido encontrar o Bellamy na varanda.
Algo dentro em Joanna revirou e tinha quase certeza de que não conseguiu disfarçar a expressão de desgosto, porque Tristan lhe olhou com um ar de curiosidade. Para a sorte de Joanna, logo um sorriso iluminou o rosto do garoto. Olhou para trás a tempo de ver uma garota de cabelos negros presos no alto da cabeça por um coque frouxo chegava por ali. Usava um vestido bem longo, numa temática quase medieval. Não deixou de abrir um sorriso sugestivo ao voltar a olhar para o garoto.
— Vai lá, tigrão. Não quero atrapalhar o encontro de Tristan e Iseult. — falou em ar de brincadeira, dando alguns cutucões provocativos contra as costelas dele, antes que o garoto se afastasse. Ficou olhando enquanto ele caminhava até Iseult, cumprimentando a garota. Desviou o olhar então para a varanda, onde conseguiu um breve vislumbre de Cherry e Bellamy conversando animadamente. Não evitou um bufo de leve. Preparava-se para sair dali quando uma voz soou logo atrás dela.
— Oras, oras...só assim para eu te encontrar, não é mesmo?
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Haviam duas coisas que Cherry conseguiu concluir em poucos minutos conversando com Bellamy. A primeira era que a vida seria muito mais fácil se ela tivesse apenas continuado apaixonada por ele. Ele era lindo, inteligente, dedicado, estudioso, ambicioso, atlético, dava para entender porque seu pai tinha se encantado com ele. Ele era tudo o que sua família queria para ela. Era o casamento perfeito! Ela não teria que esconder de ninguém. Poderia levá-lo para casa, sair em encontros normais com ele sem precisar ir para lugares escondidos onde ninguém pudesse vê-los, chamá-lo para sair com seus amigos.
Mas havia um problema. Era justamente a segunda coisa que ela tinha concluído enquanto conversava com ele.
Estar com ele era completamente diferente de estar com Joanna.
— Então, eu encerrei a preparação para nosso primeiro jogo. — dizia Bellamy, apoiado no parapeito da varanda. Ele parecia um príncipe saído direto de um filme adolescente com o cabelo loiro caindo sobre os olhos, o sorriso de dentes perfeitos sendo mostrados na medida certa num sorriso de canto. Era realmente fácil ficar fascinada por ele — Vamos enfrentar o time do Portsmouth. Disseram que alguns olheiros das universidades vão estar por lá, então é melhor cruzar os dedos!
— Oh! Cruzando os dedos desde já então! — falou num tom divertido, enquanto mostrava os dedos cruzados para ele.
— E você? Como está a preparação para o seu jogo?
— Estamos bem. Entraram algumas garotas novas no time, acho que elas vão ajudar a ganharmos o campeonato novamente. — dizia com a tranquilidade de quem tinha conquistado os últimos dois campeonatos e sabia que estava fazendo um excelente trabalho em busca do terceiro.
— Eu tenho inveja de vocês, sabe? — comentou Bellamy, escorregando um pouco pelo parapeito, para poder chegar um pouco mais perto de Cherry — Não ganhamos o campeonato há 20 anos. Mesmo que eu tenha levado o time às finais nos últimos três campeonatos, sempre batemos na trave.
— Não fica assim. Eu tenho certeza de que esse ano é a vez de vocês. — de forma amigável, Cherry esticou a mão, tocando o ombro dele como forma de alento.
Aquilo com certeza enviou o sinal errado para Bellamy. Mantendo aquele sorriso ladino, o garoto escorregou mais para perto, colocando a mão com cuidado no rosto de Cherry. Notando o que ia acontecer, arregalou um pouco os olhos. De forma involuntária, seus dedos escorregaram no copo de água que segurava. Por sorte estava vazio, mas foi o suficiente para distrair os dois do momento.
— Ops. Que desastrada! — disse Cherry enquanto se abaixava para pegar o copo. Aproveitou para ficar um pouco mais distante de Bellamy quando se levantou. Foi nesse momento que ela olhou para o térreo.
No andar de baixo não foi nada difícil encontrar o cabelo prateado de Joanna. O que incomodou Cherry foi quem estava junto dela. Ela lembrava bem daqueles cabelos vermelhos como um tomate. A garota usava roupas folgadas, estilo hippie e os cabelos repicados com duas tranças caindo pelos lados de seu rosto. Sentiu um forte aperto no peito enquanto via as duas conversando animadamente lá embaixo, parecendo estar se divertindo muito. Um gosto amargo subiu do seu estômago até sua boca enquanto um calor se espalhava pelo seu rosto, principalmente pelos olhos. Passando as mãos com força sobre eles, colocou o copo de qualquer forma no parapeito da varanda.
— Desculpa, eu preciso tomar um pouco de ar.
Foi a desculpa mais esfarrapada que podia ter dado, principalmente levando em conta que os dois estavam numa varanda, mas não ficou para ouvir a resposta de Bellamy. Em passos duros, apenas se afastou o mais rápido que pôde, sem nem ver para onde estava indo.
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